Histórico

As atividades que deram origem ao Daimon remetem a meados da década de 1970. Nesta época, residentes do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da FMUSP e alunos da Sociedade de Psicodrama de São Paulo passaram a procurar o Dr. José Fonseca para supervisão clínica, surgindo assim os Grupos de Supervisão. Os Grupos de Estudos originaram-se do interesse dos componentes desses grupos em ampliar seus conhecimentos teóricos e refletir sobre questões diagnósticas.

Em uma viagem aos Estados Unidos, após conhecer clínicas e institutos similares, Fonseca concluiu que seria oportuno dar uma identidade ao referido centro. Daimon (do grego) significa a energia cósmica presente em todas as coisas. É parte, portanto, da essência humana, como uma luz a ser liberada. Daimon seria, ainda, uma energia de comunicação entre os deuses e os humanos.

A denominação “Daimon” deu-se, sobretudo, para homenagear J. L. Moreno (um dos criadores da psicoterapia de grupo e criador do psicodrama) e Martin Buber (o filósofo da relação dialógica). Moreno editou, em Viena, a revista Daimon, da qual Martin Buber participou como editor-assistente e autor.

O Daimon é uma entidade civil sem fins lucrativos, com a finalidade de propiciar o desenvolvimento pessoal, além do treinamento e aperfeiçoamento de profissionais nas áreas de psicologia e psiquiatria. Não filia nem é afiliado a outras entidades.

Escola Livre

O Daimon não promove um treinamento formal em psicoterapia e psicodrama. Ele se estruturou como uma escola livre que acolhe diferentes linhas de trabalho psicológico e pedagógico. Neste sentido, seria incoerente o controle de uma formação profissional tradicional. O Daimon oferece a continuidade de treinamento para profissionais que já possuam uma formação anterior.

Desse modo, as atividades decorrem sem o controle de presença, sem avaliações e sem conferir diplomas. O participante é responsável por determinar seu tempo de participação. A programação, por sua vez, resulta das escolhas grupais. Assim, “caminhando se faz o caminho”.

Sessões Abertas de Psicoterapia

As sessões abertas iniciaram-se em 1984. Foram inspiradas nas sessões abertas dirigidas por J. L. e Zerka Moreno, em Nova Iorque, durante quase 50 anos. As pessoas têm acesso ao Teatro Terapêutico, participando de um ato terapêutico com a duração de duas horas. Tenta-se levar a psicoterapia à comunidade e fugir do elitismo dos consultórios particulares.

Muitas emoções, choros e risos já rolaram no Teatro Terapêutico do Daimon. Aqui esteve presente, por meio do “como se” psicodramático, uma multidão de personagens reais e imaginários. No cenário psicodramático, “todos podem vir”.

Muitos terapeutas (brasileiros e estrangeiros) de destaque apresentaram-se no Daimon. Entre os estrangeiros, destacam-se Rojas-Bermúdez, Dalmiro Bustos, Leonardo Satne, Eduardo Pavlovsky, Hernán Kesselman, Héctor Fiorini, Márcia Karp e Paul e Geni Lemoine.

A partir de 1995, as sessões abertas passaram a ser promovidas por uma parceria entre o Daimon e a Sociedade de Psicodrama de São Paulo. Até o momento, foram realizadas centenas de sessões abertas; uma considerável trajetória que serviu de inspiração para vários trabalhos acadêmicos e textos publicados.

Grupos de Estudos

Os grupos de estudos inicialmente deram ênfase a autores fundamentais da psicologia moderna, tais como Freud, Jung, Reich e Bowlby. Na década de 1980, o grupo recebeu a denominação de GEP (Grupo de Estudos de Psicodinâmica), passando a estudar a psicodinâmica psicanalítica de forma sistematizada, em um enfoque relacional, e percorreu autores como Fairbairn, Guntrip, Greenson, Kohut, Winnicott, Erikson e outros.

Aos poucos, o grupo reuniu participantes de outras correntes psicológicas: junguianos, neo-reichianos, piagetianos e psicanalistas de diferentes orientações. Anos depois, o GEP – Daimon tomou como parâmetro de estudos o programa teórico da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo. Foram dedicados cinco anos de estudos a Freud, três a Klein e três a Bion. Como orientadores dessa travessia intelectual, foram contratados, respectivamente, membros da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo: Plínio Montagna, Cíntia Buschinelli e Ignácio Gerber. Cumprida essa etapa, iniciamos o estudo da obra lacaniana orientados, inicialmente, por Mario Eduardo Costa Pereira e, depois, durante doze anos, por Michele Roman Faria.

O Daimon, entidade particularmente voltada para o psicodrama, não possuía até 1992 um espaço específico para o estudo de sua teoria. A fim de reparar esse contrassenso, constituiu-se o GEM (Grupo de Estudos de Moreno), coordenado por José Fonseca e Wilson Castello de Almeida, este, depois, substituído por Antonio Carlos Cesarino. A proposta foi estudar Moreno à luz da atualidade e delinear um perfil do psicodrama contemporâneo. O GEM encerrou seu ciclo de trabalho em 2014, completando 22 anos de existência. O GEM elaborou um livro com textos de seus componentes: Um homem à frente de seu tempo: o psicodrama de Moreno no século XXI (Ágora, 2001).

Grupos de estudos eventuais são formados de acordo com interesses do momento. Já tivemos um grupo de estudos de filosofia e um grupo de estudos de cabala, fonte inspiradora de ideias morenianas.

Editora

O Daimon empenhou-se em editar e reeditar obras de interesse da comunidade psicodramática. Inicialmente, foi publicado Psicodrama em HQ (Duric, Velijkovic e Tomic, 2005), livro introdutório sobre psicodrama, no formato de história em quadrinhos. Em seguida, Psicodrama: terapia de ação & princípios da prática (Moreno, 2006), inédito no Brasil.

Em 2008, foi publicado Quem sobreviverá? – Edição do estudante, uma versão sintetizada de seu volumoso original. Os livros O teatro da espontaneidade (Moreno, 2012), Fundamentos do psicodrama (Moreno, 2014) e Autobiografia: J. L. Moreno (Moreno, 2014) foram reeditados pela parceria Daimon-Ágora.

Clínica Daimon

O atendimento clínico no Daimon é constituído por um condomínio de treze profissionais que exercem suas atividades de forma independente.